
Modelo de Petição Inicial para Concessão Urgente de Medidas Protetivas com Inclusão de Provas Digitais na Lei Maria da Penha
Este modelo orienta a elaboração de uma petição inicial para a concessão de medidas protetivas de urgência fundamentadas na Lei Maria da Penha. Apresenta os fundamentos constitucionais, legais e processuais, destacando a importância da inclusão de provas digitais para comprovar episódios de violência, e oferece dicas práticas para a redação e organização do pedido de proteção.
Publicado em: 20/04/2025 Advogado Familia Direito Penal Processo PenalMODELO DE PETIÇÃO INICIAL PARA CONCESSÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS NO ÂMBITO DA LEI MARIA DA PENHA COM INCLUSÃO DE PROVAS DIGITAIS
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo orientar a elaboração de uma petição inicial para a concessão de medidas protetivas de urgência com base na Lei Maria da Penha, enfatizando a inclusão de provas digitais. O modelo aborda tanto os fundamentos constitucionais quanto os legais aplicáveis ao tema, garantindo que o texto esteja acessível ao público leigo, sem renunciar à consistência jurídica necessária.
FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL
A proteção dos direitos fundamentais é garantida pela Constituição Federal, que, em seu CF/88, art. 10, §1º, assegura a observância dos direitos e garantias individuais a todas as pessoas. Ademais, a legislação infraconstitucional, como a CCB/2002, art. 11, §1º, III e a Lei 7.250/2014, art. 50, reforça a proteção da individualidade, da dignidade e do direito à segurança dos cidadãos.
O Código de Processo Civil (CPC/2015, art. 319) estabelece os requisitos para a elaboração de petições iniciais, enquanto o Código de Processo Penal (CPP, art. 12) e o Código Penal (CP, art. 284, §1º) trazem dispositivos que podem ser invocados para garantir a efetividade das medidas protetivas quando há a necessidade de apuração de condutas que possam colocar em risco a integridade física e psicológica da vítima.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
1. Medidas Protetivas de Urgência
As medidas protetivas são instrumentos destinados a preservar a integridade física e psicológica da vítima de violência doméstica, asseguradas pela Lei Maria da Penha. Tais medidas podem incluir a proibição de aproximação do agressor, o afastamento do ambiente comum, entre outras providências que visem proteger a vida e a segurança da pessoa em situação de vulnerabilidade.
2. Provas Digitais
Atualmente, a tecnologia desempenha um papel crucial na colheita de provas. As provas digitais, que incluem mensagens de texto, e-mails, gravações em áudio, fotos, vídeos e registros de redes sociais, têm ganhado destaque no processo judicial ao demonstrar a veracidade dos relatos apresentados pela vítima.
É fundamental que essas provas sejam coletadas de maneira lícita e preservadas com toda a integridade, garantindo que possam ser anexadas à petição inicial e utilizadas em audiência de instrução e julgamento.
MODELO DE PETIÇÃO INICIAL
A seguir, apresenta-se um modelo estruturado da petição inicial para a concessão de medidas protetivas com inclusão de provas digitais, respeitando os preceitos legais e os fundamentos constitucionais mencionados.
I – DOS FATOS E DOS FUNDAMENTOS
Nesta seção, a vítima ou seu representante legal deverá expor de forma clara e objetiva os acontecimentos que justificam a solicitação de medidas urgentes. Recomenda-se a descrição detalhada dos episódios de violência, enfatizando a necessidade de proteção imediata.
Exemplo: “Em razão dos reiterados episódios de agressão por parte do agressor, comprovados por provas digitais constantes em mensagens e vídeos armazenados em dispositivos eletrônicos, a parte autora encontra-se em iminente risco de integridade física e psicológica.”
II – DOS PEDIDOS
Os pedidos devem ser formulados de maneira clara e objetiva, incluindo:
- Concessão imediata de medidas protetivas para assegurar a segurança da vítima;
- Anexação de provas digitais que comprovem os episódios de violência;
- A + intimação do agressor quanto às medidas concedidas;
- A adoção de providências necessárias, em caráter de urgência, para evitar a perpetuação dos danos à vítima.
III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Na fundamentação, é imprescindível a citação dos dispositivos legais que embasam o pedido, como os já mencionados:
- CF/88, art. 10, §1º – que assegura a proteção dos direitos fundamentais;
- CCB/2002, art. 11, §1º, III – que reforça a integridade da pessoa;
- Lei 7.250/2014, art. 50 – que dispõe sobre os direitos à saúde e à segurança;
- CPC/2015, art. 319 – que orienta os requisitos da petição inicial;
- CPP, art. 12 – referente aos atos processuais necessários à proteção da vítima;
- CP, art. 284, §1º – que dispõe sobre a garantia dos direitos e a segurança no âmbito penal.
IV – DA INCLUSÃO DE PROVAS DIGITAIS
Ao incluir provas digitais na petição inicial, a parte autora deve:
- Descrever de forma precisa a natureza das provas digitais;
- Indicar a origem e a autenticidade dos documentos eletrônicos ou gravações;
- Demonstrar a relevância das provas para a comprovação dos fatos narrados, evidenciando, por exemplo, a data, hora e o contexto da ocorrência.
Dica: Em casos de dúvidas sobre a admissibilidade dessas provas, recomenda-se a consulta a um profissional especializado para que a coleta seja realizada segundo os padrões legais e técnicos exigidos.
V – DOS DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A PETIÇÃO
É importante que seja anexada à petição uma relação completa de todos os documentos que comprovem os fatos, dentre os quais se destacam:
- Registros digitais (imagens, vídeos, mensagens, etc.);
- Relatórios periciais, caso disponíveis;
- Documentos pessoais da vítima e do agressor;
- Qualquer outro documento que fortaleça a narrativa dos fatos expostos.
DICAS PRÁTICAS PARA A REDAÇÃO DA PETIÇÃO
- Clareza e objetividade: Utilize uma linguagem simples e direta, evitando o uso excessivo de termos técnicos.
- Organização dos tópicos: A segmentação da petição por meio de títulos e subtítulos facilita a compreensão e análise dos pedidos.
- Coerência nas informações: Certifique-se de que os fatos narrados constem de forma coerente e que as provas apresentadas sustentem a narrativa.
- Atualização legislativa: Verifique se a legislação citada permanece vigente e se há atualizações que possam influenciar o deslinde da questão.
- Assistência jurídica: Considere a consulta a um advogado para a revisão final, garantindo que todos os aspectos legais e formais sejam cumpridos.
CONCLUSÃO
A elaboração de uma petição inicial para a concessão de medidas protetivas, com inclusão de provas digitais, exige atenção especial aos fundamentos constitucionais e legais. O modelo aqui apresentado tem o intuito de orientar o redator sobre como estruturar e fundamentar o pedido de forma coerente e fundamentada.
Ao seguir os tópicos e dicas apresentados, o redator estará apto a formular um documento que não apenas resguarde os direitos da vítima, mas que também cumpra os requisitos legais estabelecidos pelas normas vigentes, contribuindo para a efetivação da proteção prevista na Lei Maria da Penha.