Modelo de Petição Inicial para Medidas Cautelares em Proteção de Dados Pessoais com Fundamentação na LGPD e Dispositivos Constitucionais

Modelo de Petição Inicial para Medidas Cautelares em Proteção de Dados Pessoais com Fundamentação na LGPD e Dispositivos Constitucionais

Este modelo de petição inicial detalha a estrutura e os fundamentos jurídicos necessários para a concessão de medidas cautelares visando à proteção de dados pessoais, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O documento abrange desde o endereçamento e a qualificação das partes até a exposição dos fatos, a fundamentação com base em dispositivos constitucionais e legais, e a formulação dos pedidos, proporcionando um guia prático e claro para advogados que atuam na área de proteção dos direitos fundamentais e segurança da informação.

Publicado em: 03/05/2025 AdvogadoProcesso Civil

MODELO DE PETIÇÃO INICIAL PARA MEDIDAS CAUTELARES EM PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS COM BASE NA LGPD

MODELO DE PETIÇÃO INICIAL PARA MEDIDAS CAUTELARES EM PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS COM BASE NA LGPD

Este artigo tem como objetivo apresentar um modelo de petição inicial para a formulação de medidas cautelares destinadas à proteção de dados pessoais, em consonância com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O conteúdo que se segue aborda, de forma clara e fundamentada, os aspectos necessários para a elaboração do documento, utilizando os preceitos constitucionais e legais aplicáveis.

INTRODUÇÃO

A crescente necessidade de proteção dos dados pessoais tem provocado a adoção de medidas judiciais emergenciais, principalmente diante do cenário contemporâneo em que a privacidade e a segurança da informação são pauta constante. O presente artigo aborda a estruturação de uma petição inicial voltada para medidas cautelares, destacando a importância de fundamentá-la em dispositivos constitucionais e legais que garantam efetividade e segurança jurídica ao pleito.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS E CONSTITUCIONAIS

A elaboração de uma petição inicial robusta deve se ancorar em princípios constitucionais e na legislação infraconstitucional, de modo a assegurar a proteção dos direitos fundamentais dos indivíduos. Entre os dispositivos que embasam este modelo destacam-se:

  • CF/88, art. 10, §1º: Assegura a participação e o contraditório, reforçando a importância do devido processo legal.
  • CCB/2002, art. 11, §1º, III: Estabelece disposições sobre a proteção de direitos e garantias individuais.
  • Lei 7.250/2014, art. 50: Trata de medidas relativas à proteção da saúde e segurança dos cidadãos, podendo ser associadas à proteção de dados em contextos específicos.
  • CPC/2015, art. 319: Dispõe sobre os requisitos da petição inicial, exigindo clareza, fundamentação e exposição dos fatos e fundamentos jurídicos.
  • CPP, art. 12: Estabelece normas procedimentais que podem ser aplicadas em medidas cautelares, garantindo celeridade processual.
  • CP, art. 284, §1º: Prevê medidas cautelares no âmbito penal, servindo de analogia para a proteção cautelar de dados.

Tais dispositivos demonstram como o ordenamento jurídico brasileiro busca assegurar a proteção dos direitos fundamentais e promover a efetividade da tutela jurisdicional, sendo a base para a concessão das medidas cautelares exigidas.

CONCEITOS BÁSICOS

MEDIDAS CAUTELARES

As medidas cautelares são providências de caráter urgente que visam resguardar direitos e prevenir danos irreparáveis ou de difícil reparação durante o trâmite processual. Na proteção de dados pessoais, tais medidas podem incluir a suspensão do tratamento de dados, a anonimização de informações ou a tutela de acesso a dados sensíveis.

PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS E A LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) veio ao encontro da necessidade de regulamentar a forma como as informações pessoais são tratadas, assegurando direitos como a privacidade, o acesso, a correção e a exclusão de dados. A aplicação da LGPD no contexto das medidas cautelares requer uma interpretação que privilegie a proteção do indivíduo, evitando a utilização abusiva dos dados pessoais e garantindo a segurança das informações.

ESTRUTURA DA PETIÇÃO INICIAL

Em conformidade com o CPC/2015, art. 319, a petição inicial deve conter os seguintes elementos:

  • Endereçamento: Destinação da ação ao juízo competente.
  • Qualificação das partes: Identificação completa do autor e do réu, incluindo dados pessoais e, se necessário, representação legal.
  • Exposição dos fatos: Apresentação detalhada dos acontecimentos que justificam o pedido de medida cautelar, demonstrando a urgência e o risco de danos irreparáveis.
  • Fundamentos jurídicos: Relacionamento dos dispositivos legais e constitucionais que embasam a tutela cautelar, destacando os preceitos da LGPD e os dispositivos citados anteriormente.
  • Pedidos: Formulação de pedidos claros e objetivos, que podem incluir a suspensão imediata do tratamento dos dados, a imposição de medidas de segurança ou a determinação de correção de procedimentos.
  • Valor da causa: Estipulação do valor atribuído à causa, conforme a natureza do pedido e os prejuízos advindos do eventual dano.
  • Provas: Indicação dos meios de prova que serão apresentados para comprovar os fatos alegados.

EXEMPLO PRÁTICO: MODELO DE PETIÇÃO INICIAL

A seguir, apresenta-se um exemplo simplificado de petição inicial para medidas cautelares em proteção de dados pessoais, que pode ser adaptado conforme a peculiaridade de cada caso:

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ______

[NOME DO REQUERENTE], nacionalidade, estado civil, profissão, portador(a) do CPF nº ______ e do RG nº _______, residente e domiciliado(a) à [endereço completo], vem, por meio de seu advogado (procuração anexa), com fulcro no CF/88, art. 10, §1º, CCB/2002, art. 11, §1º, III e demais dispositivos aplicáveis, propor a presente AÇÃO CAUTELAR em face de [NOME DO REQUERIDO], pessoa jurídica, com sede à [endereço completo], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I – DOS FATOS

(Descrição dos fatos que evidenciam o tratamento inadequado de dados pessoais e que justificam a medida cautelar, enfatizando a urgência e o perigo iminente de danos irreparáveis.)

II – DO DIREITO

A presente ação fundamenta-se na necessidade de proteção urgente dos dados pessoais, com base na LGPD e nos dispositivos legais que garantem a efetividade dos direitos fundamentais, tais como:

  • CF/88, art. 10, §1º – Resguarda a participação e o contraditório;
  • CCB/2002, art. 11, §1º, III – Garante o respeito às garantias individuais;
  • Lei 7.250/2014, art. 50 – Estabelece medidas para a proteção da saúde e segurança;
  • CPC/2015, art. 319 – Define os requisitos da peça inicial;
  • CPP, art. 12 – Assegura a aplicação de medidas processuais urgentes;
  • CP, art. 284, §1º – Inspira medidas cautelares em situações excepcionais.

A combinação destes dispositivos reforça a necessidade da concessão das medidas cautelares requeridas para evitar o agravamento da situação e o prejuízo irreparável ao autor.

III – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência:

  • A concessão de medida cautelar para que o réu suspenda imediatamente o tratamento dos dados pessoais objeto da presente lide;
  • A determinação de medidas de segurança que impeçam o uso inadequado ou indevido dos dados;
  • A intimação do réu para que, querendo, apresente defesa, sob pena de revelia;
  • A produção de todas as provas em Direito admitidas, inclusive pericial, documental e testemunhal;
  • A condenação do réu nas custas processuais e honorários advocatícios.

Dá-se à causa o valor de R$ ______,00.

IV – DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Por fim, requer-se que todas as intimações e publicações sejam realizadas em nome do advogado [NOME DO ADVOGADO], inscrito na OAB/____ sob o nº __________.

Termos em que, pede deferimento.

[LOCALIDADE], [DATA].

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise apresentada evidencia que a elaboração de uma petição inicial para medidas cautelares em proteção de dados pessoais deve ser realizada com fundamentação sólida e embasamento nos dispositivos legais aplicáveis. A utilização de uma linguagem clara e acessível, aliada à concisão e à objetividade, é imprescindível para que o poder judiciário compreenda a urgência e a gravidade do caso, possibilitando a pronta proteção dos direitos fundamentais.

O modelo exposto serve como exemplo prático para a construção de peças processuais que visem a tutela imediata dos dados pessoais, demonstrando como a legislação brasileira pode ser utilizada para resguardar a privacidade e a integridade dos cidadãos.