
Petição Inicial de Indenização por Danos Morais Decorrentes de Assédio no Ambiente de Trabalho – Fundamentação Constitucional e Legal
Este documento apresenta, de forma detalhada, a petição inicial para a propositura de ação de indenização por danos morais decorrentes de assédio no ambiente de trabalho. Nele, são abordados os elementos essenciais como a qualificação das partes, a exposição cronológica dos fatos, a fundamentação normativa (com ênfase na Constituição Federal, CCB/2002, Lei 7.250/2014 e CPC/2015), os fundamentos que sustentam o pedido indenizatório e a necessidade de proteção da dignidade humana. O material serve como guia prático para a elaboração de peças jurídicas em casos de assédio laboral, integrando os principais dispositivos legais e constitucionais pertinentes à matéria.
Publicado em: 05/05/2025 Processo Civil TrabalhistaPETIÇÃO INICIAL PARA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DE ASSÉDIO NO AMBIENTE DE TRABALHO
INTRODUÇÃO
O presente artigo visa fornecer uma compreensão clara e acessível acerca dos fundamentos jurídicos que embasam uma petição inicial para ação de indenização por danos morais decorrentes de assédio no ambiente de trabalho. O enfoque é destinado ao público geral, utilizando uma linguagem formal, porém descomplicada, e com a inclusão dos principais dispositivos constitucionais e legais que amparam a proteção dos direitos do trabalhador.
CONCEITO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO ASSÉDIO NO AMBIENTE DE TRABALHO
O assédio no ambiente de trabalho caracteriza-se pela prática reiterada de condutas ofensivas, seja por meio de palavras, gestos ou atitudes que visem à humilhação, constrangimento ou perseguição do empregado. Tais práticas podem provocar danos morais profundos, impactando a dignidade e a saúde psicológica do trabalhador.
Em um contexto onde o ambiente profissional deve zelar pelo respeito e pela dignidade, a ocorrência de assédio configura-se não apenas como violação dos direitos individuais, mas também do princípio da dignidade da pessoa humana, um dos pilares do ordenamento jurídico brasileiro.
FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL
A Constituição Federal de 1988 estabelece garantias fundamentais que protegem o indivíduo contra abusos e violações de sua dignidade. Destaca-se, por exemplo, o previsto em CF/88, art. 10, §1º, que reforça a necessidade de observância dos direitos das partes e a vedação de condutas abusivas. Esse dispositivo corrobora a ideia de que o ambiente de trabalho deve ser um espaço de respeito e cordialidade, sendo inadmissível a exposição do trabalhador a situações de assédio.
Dessa forma, a proteção constitucional ampara a vítima na busca de uma reparação pelos danos morais decorrentes de condutas abusivas, garantindo-lhe o acesso à justiça e a efetiva proteção de seus direitos fundamentais.
FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
Além das garantias constitucionais, o ordenamento jurídico brasileiro dispõe de dispositivos legais específicos que amparam a iniciativa de uma ação de indenização por danos morais nessas hipóteses. Entre os dispositivos legais que podem ser mencionados estão:
- CCB/2002, art. 11, §1º, III – que trata de disposições sobre a proteção à dignidade e ao respeito no ambiente profissional;
- Lei 7.250/2014, art. 50 – que disciplina questões relativas à prevenção e ao combate a práticas abusivas no âmbito laboral;
- CPC/2015, art. 319 – que estabelece os requisitos da petição inicial, essenciais para a regularidade do pedido judicial;
- CPP, art. 12 – que pode ser aplicado subsidiariamente em contextos de práticas abusivas, fundamentando a necessidade de proteção aos direitos do ofendido;
- CP, art. 284, §1º – que dispõe sobre as consequências jurídicas das condutas que exijam reparação.
Cada um desses dispositivos reforça a proteção legal à vítima do assédio, permitindo que a petição inicial seja embasada tanto na defesa dos direitos individuais quanto na obrigação do empregador de manter um ambiente de trabalho saudável e respeitoso.
ESTRUTURA DA PETIÇÃO INICIAL
Para a elaboração de uma petição inicial consistente, é fundamental que o autor siga os requisitos formais previstos, conforme dispõe o CPC/2015, art. 319. A estrutura recomendada inclui:
1. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
Identificação completa do autor e do réu, com dados pessoais, endereço e demais informações pertinentes que possibilitem a correta localização das partes.
2. EXPOSIÇÃO DOS FATOS
Detalhar de forma clara e cronológica os acontecimentos que caracterizam o assédio, enfatizando as condutas abusivas e os prejuízos morais sofridos. Por exemplo, o relato de situações em que o empregado foi exposto a práticas humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho.
3. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
Além dos fundamentos constitucionais mencionados, o autor deve embasar o pedido com dispositivos legais que respaldem a ação, tais como o CCB/2002, art. 11, §1º, III e a Lei 7.250/2014, art. 50. É fundamental demonstrar como cada dispositivo respalda o pedido indenizatório frente aos danos morais sofridos.
4. PEDIDOS
A petição deve conter o pedido de indenização por danos morais, incluindo a especificação dos prejuízos experimentados, bem como a solicitação de outras medidas que se façam necessárias para a proteção dos direitos do autor.
5. PROVAS
Indicação dos meios de prova que serão empregados para demonstrar as alegações, como documentos, depoimentos e demais evidências que comprovem a prática de assédio e os decorrentes prejuízos morais.
EXEMPLOS PRÁTICOS PARA MELHOR COMPREENSÃO
Suponhamos que um empregado seja constantemente alvo de comentários depreciativos e atitudes que visam humilhá-lo perante colegas e superiores. Tal comportamento, reiterado durante um período significativo, pode configurar o assédio, gerando danos morais que ultrapassam o mero aborrecimento cotidiano.
Nesse cenário, a petição inicial deverá destacar, de forma objetiva, os fatos vivenciados e relacioná-los aos dispositivos constitucionais e legais imperativos para a reparação dos danos. O autor necessitará demonstrar que o ambiente de trabalho deixou de ser um espaço de respeito e que as atitudes abusivas violaram sua dignidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração de uma petição inicial para ação de indenização por danos morais decorrentes de assédio no ambiente de trabalho demanda uma análise minuciosa dos fatos e a aplicação efetiva dos fundamentos constitucionais e legais disponíveis. A clareza na exposição dos acontecimentos, aliada à correta estruturação do pedido, é essencial para assegurar que os direitos da vítima sejam reconhecidos e protegidos.
Em síntese, o instrumento jurídico apresentado reforça a importância da proteção à dignidade humana no ambiente laboral, utilizando dispositivos como o CF/88, art. 10, §1º, o CCB/2002, art. 11, §1º, III, dentre outros, para fundamentar a busca por reparação dos danos morais. Assim, o autor poderá ter a garantia de que a justiça será acionada para corrigir a situação abusiva vivenciada.