Petição Inicial de Mandado de Segurança: Defesa Contra Atos Abusivos na Administração Pública com Base Constitucional e Legal

Petição Inicial de Mandado de Segurança: Defesa Contra Atos Abusivos na Administração Pública com Base Constitucional e Legal

Publicado em: 14/04/2025 AdministrativoProcesso CivilConstitucional

MODELO DE PETIÇÃO INICIAL PARA MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATOS ABUSIVOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

MODELO DE PETIÇÃO INICIAL PARA MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATOS ABUSIVOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta um modelo de petição inicial destinado à propositura de mandado de segurança no âmbito dos atos praticados por agentes da Administração Pública que se caracterizam como abusivos. O intuito deste documento é oferecer subsídios de caráter prático e teórico, embasado em fundamentos constitucionais e legais, de forma a facilitar a compreensão por público leigo sem prejuízo da consistência jurídica necessária para a defesa dos direitos fundamentais.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O MANDADO DE SEGURANÇA

O mandado de segurança é um instrumento jurídico de natureza constitucional que visa proteger direito líquido e certo, quando este é violado ou ameaçado por ato de autoridade, especialmente na esfera administrativa. Sua utilização é essencial para coibir a prática de atos abusivos e arbitrários realizados por agentes públicos.

Ao propor um mandado de segurança, o jurisdicionado deve demonstrar, de forma clara e objetiva, a existência de um direito que foi afetado por uma decisão ou omissão da autoridade administrativa, e apresentar os fundamentos que justificam a concessão da medida judicial de urgência.

FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 10, §1º (CF/88, art. 10, §1º), garante o direito à ampla defesa e ao contraditório, princípios que norteiam o acesso à justiça e o exercício do mandado de segurança. Estes dispositivos consagram o respeito à legalidade e asseguram a proteção dos direitos individuais e coletivos.

Além disso, o mandado de segurança encontra respaldo em dispositivos legais específicos, como o Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015, art. 319), que orienta a estruturação das petições iniciais, e o Código de Processo Penal (CPP, art. 12), que disciplina os procedimentos relativos à proteção dos direitos em situações de abuso de poder.

BASE LEGAL ESPECÍFICA

  • CF/88, art. 10, §1º: Assegura o direito ao contraditório e à ampla defesa.
  • CCB/2002, art. 11, §1º, III: Dispõe sobre a proteção dos direitos fundamentais contra abusos de autoridade no exercício das funções públicas.
  • Lei 7.250/2014, art. 50: Trata da sistematização das medidas destinadas à proteção dos direitos na esfera da Administração Pública.
  • CPC/2015, art. 319: Orienta a elaboração da petição inicial, estabelecendo os requisitos formais indispensáveis à propositura de ações judiciais.
  • CPP, art. 12: Define os atos processuais necessários na persecução penal e protege os direitos individuais.
  • CP, art. 284, §1º: Trata dos crimes e das condutas abusivas que podem ser objeto de análise e proteção em sede judicial.

ELEMENTOS ESSENCIAIS DA PETIÇÃO INICIAL

EXPOSIÇÃO DOS FATOS

É fundamental que a petição inicial contenha uma narrativa clara e objetiva dos atos abusivos praticados pela autoridade administrativa. Nesta etapa, deve-se descrever:

  • Os fatos ocorridos de maneira cronológica;
  • A identificação do agente público responsável pelo ato;
  • A fundamentação legal que demonstra a ilegalidade e o abuso de poder.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Após a exposição dos fatos, a petição deve abordar os fundamentos jurídicos que embasam o pedido. Além dos dispositivos constitucionais e legais já mencionados, o autor deve demonstrar, a partir de uma análise crítica:

  • Como o ato abusivo viola o direito líquido e certo do impetrante;
  • De que modo os dispositivos legais protegidos impedem a manutenção de atos arbitrários;
  • A aplicabilidade do mandado de segurança como medida de proteção imediata.

A utilização dos dispositivos CFC/88, art. 10, §1º e CPC/2015, art. 319 assegura que o pedido tenha respaldo jurídico e que o devido processo legal seja observado.

PEDIDOS

Na conclusão da petição inicial, devem ser formulados os pedidos de forma objetiva, incluindo:

  • A concessão liminar do mandado de segurança, com a suspensão imediata dos atos abusivos;
  • A confirmação, em sentença final, do direito líquido e certo do impetrante;
  • A condenação da autoridade coatora ao cumprimento das determinações judiciais;
  • A condenação em honorários advocatícios e custas processuais, quando cabível.

EXEMPLO PRÁTICO (SIMPLIFICADO)

Para ilustrar a aplicação dos fundamentos expostos, considere a seguinte situação prática:

Um cidadão de parcos rendimentos teve seu direito de acesso a determinado serviço público negado com base em uma interpretação extensiva e abusiva de norma interna. Diante disso, o cidadão, através de seu advogado, ingressa com a presente ação de mandado de segurança para assegurar o exercício do seu direito constitucional ao acesso à serviços públicos essenciais.

Nesta situação, o advogado fundamenta a medida com a violação dos princípios constitucionais da ampla defesa e do devido processo legal, invocando os dispositivos CF/88, art. 10, §1º e CPC/2015, art. 319, demonstrando, ainda, que o ato abusivo extrapolou os limites da legalidade, conforme previsto no CCB/2002, art. 11, §1º, III.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração de uma petição inicial de mandado de segurança contra atos abusivos na Administração Pública exige uma abordagem meticulosa, que combine a clareza na exposição dos fatos com sólida fundamentação jurídica. A utilização dos dispositivos legais destacados, aliados à análise de casos práticos, contribui para a efetiva proteção dos direitos dos cidadãos.

Este modelo serve como referência e deve ser adaptado conforme as peculiaridades de cada caso, respeitando as especificidades do ordenamento jurídico e as nuances dos atos questionados. A aplicação correta do instrumento judicial estimula a manutenção do Estado Democrático de Direito e o respeito aos princípios da Administração Pública.

REFERÊNCIAS LEGAIS

Para a formulação deste modelo, foram consideradas as seguintes referências legais:

  • CF/88, art. 10, §1º
  • CCB/2002, art. 11, §1º, III
  • Lei 7.250/2014, art. 50
  • CPC/2015, art. 319
  • CPP, art. 12
  • CP, art. 284, §1º

CONCLUSÃO

Em síntese, a utilização adequada do mandado de segurança em face de atos abusivos na Administração Pública constitui instrumento indispensável para a tutela imediata de direitos fundamentais. A clareza na exposição dos fatos, aliada à fundamentação jurídica baseada em dispositivos constitucionais e legais, promove a efetividade do direito à justiça e estimula a correção de abusos por parte de autoridades públicas.